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Osteomielite (Infecção óssea)

A osteomielite é uma infecção do osso, geralmente causada por bactérias, mas que também pode ser provocada por fungos ou outros microrganismos. Essa condição pode ser aguda ou crônica e afeta tanto crianças quanto adultos, podendo surgir por disseminação hematogênica (via sanguínea), contiguidade (a partir de tecidos próximos infectados) ou por inoculação direta (trauma ou cirurgia). O diagnóstico e tratamento precoces são essenciais para evitar complicações, como necrose óssea, abscessos e deformidades e sequelas futuras.

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Diagnóstico da Osteomielite

O diagnóstico da osteomielite baseia-se em uma combinação de achados clínicos, exames de imagem e laboratoriais:

 

Achados Clínicos:

   - Dor localizada no osso afetado.

   - Edema, calor e rubor na região.

   - Febre e mal-estar (em casos agudos).

   - Fístulas ou drenagem de pus (em casos crônicos).

Exames de Imagem:

   - Radiografia simples: Pode mostrar alterações como desmineralização, periostite ou sequestro ósseo, mas essas alterações podem demorar semanas para aparecer.

   - Ressonância Magnética (RM): Método de escolha para detecção precoce, mostrando edema medular e abscessos.

   - Tomografia Computadorizada (TC): Útil para avaliar a extensão da destruição óssea e identificar sequestros.

   - Cintilografia óssea: Pode ser usada para localizar a infecção, especialmente em casos multifocais.

Exames Laboratoriais:

   - Leucocitose (aumento de glóbulos brancos) e elevação da Proteína C Reativa (PCR) e Velocidade de Hemossedimentação (VHS) são comuns em casos agudos.

Biópsia Óssea e Cultura:

  • A biópsia óssea é o padrão-ouro para o diagnóstico definitivo, permitindo a identificação do microrganismo e a confirmação histológica da infecção.

  • A cultura do material obtido na biópsia é essencial para guiar a antibioticoterapia, especialmente em casos crônicos ou quando há suspeita de microrganismos resistentes.

Diagnóstico Diferencial com Lesões Tumorais

A osteomielite pode mimetizar lesões tumorais, tanto benignas quanto malignas, devido à presença de dor, edema e alterações radiográficas. Algumas condições que devem ser consideradas no diagnóstico diferencial incluem:

 

1. Tumores Ósseos Primários:

   - Osteossarcoma: Pode apresentar dor, edema e alterações radiográficas semelhantes, mas geralmente ocorre em pacientes mais jovens e apresenta padrão de destruição óssea mais agressivo.

   - Sarcoma de Ewing: Também comum em crianças e adolescentes, pode causar febre e dor, simulando osteomielite.

 

2. Tumores Ósseos Secundários (Metástases):

   - Lesões metastáticas podem causar destruição óssea e dor, mas geralmente estão associadas a um histórico de câncer primário.

 

3. Lesões Benignas:

   - Cisto ósseo aneurismático: Pode causar expansão óssea e dor.

   - Tumor de células gigantes: Pode apresentar destruição óssea localizada.

   - Osteoma Osteóide: Lesão lítica localizada, dolorosa

 

4. Outras Condições:

   - Doença de Paget: Pode causar deformidades ósseas e dor, mas geralmente afeta pacientes mais idosos.

   - Artrites infecciosas: Podem causar dor e edema, mas afetam principalmente as articulações.

 

A diferenciação entre osteomielite e lesões tumorais muitas vezes requer uma abordagem multidisciplinar, incluindo radiologia, patologia e infectologia. A biópsia é fundamental para confirmar o diagnóstico.

Tratamento da Osteomielite

O tratamento da osteomielite depende da fase da doença (aguda ou crônica), do agente causador e da extensão da infecção. As principais abordagens incluem:

 

1. Antibioticoterapia:

   - Em casos agudos, o tratamento é iniciado com antibióticos de amplo espectro, que são ajustados conforme o resultado da cultura e do antibiograma.

   - A terapia é geralmente prolongada, variando de 4 a 6 semanas para osteomielite aguda e podendo durar meses em casos crônicos.

 

2. Cirurgia:

   - Indicada em casos de abscessos, sequestros ósseos ou osteomielite crônica.

   - O desbridamento cirúrgico remove tecidos necróticos e infectados, promovendo a cicatrização.

   - Em casos graves, pode ser necessária a reconstrução óssea com enxertos ou uso de espaçadores de antibióticos e fixadores externos

 

3. Terapia Adjuvante:

   - Oxigenoterapia hiperbárica pode ser usada em casos selecionados para melhorar a cicatrização.

   - Suporte nutricional e controle de comorbidades (como diabetes) são essenciais para otimizar a recuperação.

Uso de Fixadores Externos no Tratamento

Os fixadores externos são dispositivos metálicos que são fixados ao osso por meio de pinos ou hastes e permanecem fora da pele, proporcionando estabilização externa. Eles são particularmente úteis nos seguintes cenários:

 

1. Osteomielite Crônica com Perda Óssea Significativa:

   - Em casos onde há extensa destruição óssea ou formação de sequestros, o fixador externo pode ser usado para estabilizar o osso após o desbridamento cirúrgico.

 

2. Infecções Ativas com Necessidade de Controle Inicial:

   - Quando a infecção está ativa e há risco de disseminação, o fixador externo permite estabilizar o osso sem a necessidade de implantes internos, que poderiam ser colonizados por microrganismos.

 

3. Reconstrução Óssea com Técnicas de Alongamento:

   - Em casos onde há perda óssea significativa, técnicas como a distração osteogênica (método de Ilizarov), ou alongamento ósseo, podem ser utilizadas para regenerar o osso. O fixador externo é essencial para esse processo.

 

4. Fraturas Patológicas Associadas à Osteomielite:

   - Quando a osteomielite leva a fraturas ou fragilidade óssea, o fixador externo pode ser usado para estabilizar a fratura enquanto a infecção é tratada.

 

5. Controle de Deformidades:

   - Em casos de osteomielite crônica que resultam em deformidades ósseas, o fixador externo pode ser usado para corrigir a deformidade gradualmente.

Vantagens do Uso de Fixadores Externos

1. Estabilidade sem Implantes Internos:

   - O fixador externo evita a colocação de placas ou hastes internas, que podem ser colonizadas por bactérias em casos de infecção ativa.

 

2. Acesso para Cuidados Locais:

   - Como o dispositivo é externo, permite fácil acesso à ferida para desbridamentos adicionais, curativos e monitoramento da infecção.

 

3. Adaptabilidade:

   - O fixador externo pode ser ajustado conforme a evolução do tratamento, permitindo correções de alinhamento ou aplicação de técnicas de alongamento ósseo.

 

4. Menor Risco de Recidiva:

   - Ao evitar implantes internos, reduz-se o risco de persistência da infecção, uma vez que os biofilmes bacterianos são menos propensos a se formar em superfícies externas.

Desvantagens e Complicações Potenciais

1. Infecção nos Pinos:

   - Os pinos que atravessam a pele podem ser uma porta de entrada para infecções locais, exigindo cuidados rigorosos com a higiene.

 

2. Desconforto e Limitação Funcional:

   - O dispositivo pode causar desconforto e limitar a mobilidade do paciente, especialmente se usado por longos períodos.

 

3. Complexidade Técnica:

   - A aplicação e o manejo do fixador externo requerem experiência por parte da equipe cirúrgica e do paciente.

 

4. Risco de Fratura nos Pinos:

   - Em casos de uso prolongado, os pinos podem sofrer fadiga e fraturar, exigindo substituição.

Conclusão

A osteomielite é uma condição desafiadora que requer diagnóstico preciso e tratamento precoce para evitar complicações. A biópsia óssea e a cultura são fundamentais para confirmar o diagnóstico e guiar a terapia, especialmente em casos crônicos ou atípicos. O diagnóstico diferencial com lesões tumorais é crucial, uma vez que ambas as condições podem apresentar características clínicas e radiológicas semelhantes. O uso de fixadores externos no tratamento da osteomielite é uma ferramenta valiosa, especialmente em casos complexos ou crônicos. Ele oferece estabilização óssea sem o risco de colonização por microrganismos, permitindo o controle da infecção e a reconstrução óssea.

O manejo multidisciplinar, envolvendo infectologistas, ortopedistas, radiologistas e patologistas, é essencial para garantir os melhores resultados para o paciente.

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