
Osteocondroma/Exostose óssea
O osteocondroma, também conhecido como exostose óssea, é o tumor ósseo benigno mais comum, representando aproximadamente 35% de todos os tumores ósseos benignos. Ele se caracteriza pelo crescimento de uma projeção óssea coberta por uma cartilagem, geralmente localizada próximo às placas de crescimento dos ossos longos, como fêmur, tíbia e úmero, porém, pode se originar em qualquer osso. Embora seja benigno, o osteocondroma pode causar sintomas significativos, risco de malignização(risco de tornar câncer) e em alguns casos, está associado a condições genéticas que exigem acompanhamento especializado.

Diagnóstico do Osteocondroma
O diagnóstico do osteocondroma é frequentemente feito com base em exames de imagem e avaliação clínica. Os principais métodos diagnósticos incluem:
1. Radiografias: O exame inicial mais comum, que revela uma projeção óssea (exostose) com continuidade com o osso subjacente. A cartilagem que recobre não costuma ser visível em radiografias simples. Exame simples, rápido e barato, o qual costuma já definir diagnóstico.
2. Ressonância Magnética (RM): Utilizada para avaliar a espessura da cartilagem e a relação da lesão com estruturas adjacentes, como nervos e vasos sanguíneos, sempre necessário para suspeita de diagnósticos diferenciais e na possibilidade de malignização.
3. Tomografia Computadorizada (TC): Pode ser útil para planejamento cirúrgico, especialmente em lesões complexas ou próximas a articulações, além disso, exame de imagem para para planejamento com impressão em 3D para melhor programação cirurgica.
4. Biopsia: Costuma não ser necessária devido ao diagnostico preciso com imagem, é utilizada para diagnostico diferencial e suspeita de malignização.
Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico diferencial inclui outras lesões ósseas, como condromas, osteomas, osteoblastomas, miosite ossificante e tumores malignos como o condrossarcoma e osteossarcoma. Desta maneira, a avaliação por um ortopedista oncológico é essencial para confirmar o diagnóstico e descartar outras patologias e especialmente malignidade.
Tratamento do Osteocondroma
Diversos osteocondromas são assintomática e não requer tratamento, apenas acompanhamento. No entanto, quando a lesão causa dor, limitação funcional, compressão de nervos ou vasos sanguíneos, ou deformidade estética, o tratamento cirúrgico pode ser indicado. A cirurgia envolve a remoção completa da lesão, desde sua base, incluindo sua cápsula cartilaginosa, para evitar recorrência.
A decisão de operar deve ser individualizada, considerando fatores como a localização da lesão, a idade do paciente e a presença de sintomas. Em crianças, confirmado diagnostico sem risco de malignidade, o tratamento cirúrgico pode ser adiado até que o crescimento ósseo esteja completo, a fim de diminuir riscos a placa de crescimento.
Risco de Malignização
Embora o osteocondroma seja uma lesão benigna, existe um risco de transformação maligna para condrossarcoma, especialmente em pacientes com exostose múltipla hereditária (EMH). O risco de malignização é estimado em:
- 1-2% para osteocondromas isolados: Em lesões únicas, a transformação maligna é rara, mas pode ocorrer, especialmente se houver aumento rápido do tamanho da lesão, dor persistente ou espessamento da cartilagem (>2 cm em adultos).
- 5-10% para pacientes com EMH: Pacientes com múltiplos osteocondromas têm um risco significativamente maior de desenvolver condrossarcoma, particularmente em lesões localizadas na pelve, escápula ou coluna vertebral, porém, com risco de acontecer em qualquer osso.
Sinais de alerta para malignização incluem:
- Crescimento rápido da lesão após a puberdade e maturidade esqueletica.
- Dor persistente não relacionada a trauma ou compressão.
- Espessamento da cartilagem (>2 cm em adultos).
- Alterações na aparência da lesão em exames de imagem.
O acompanhamento regular com um ortopedista oncológico é crucial para monitorar esses sinais e intervir precocemente, se necessário, especialmente em pacientes com doenças geneticas.
Cirurgia Planejada com Impressão 3D
A tecnologia de impressão 3D tem revolucionado o planejamento cirúrgico em casos complexos de osteocondroma, especialmente em lesões próximas a articulações ou em regiões anatomicamente desafiadoras. A impressão 3D permite a criação de modelos físicos precisos do osso afetado, com base em imagens de tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM). Esses modelos oferecem várias vantagens:
1. Planejamento cirúrgico detalhado O cirurgião pode visualizar a lesão em três dimensões, planejando a abordagem mais segura e eficaz.
2. Simulação de procedimentos: A equipe cirúrgica pode praticar a remoção da lesão em um modelo físico, reduzindo o tempo de cirurgia e os riscos associados.
3. Personalização de implantes: Em casos onde a reconstrução óssea é necessária, a impressão 3D permite a criação de implantes personalizados que se ajustam perfeitamente à anatomia do paciente e também criar guias para facilitar o procedimento.
4. Melhora na comunicação: Os modelos 3D ajudam a explicar o procedimento ao paciente e à família, aumentando a compreensão e a confiança no tratamento.
Essa tecnologia é particularmente útil em lesões complexas ou em pacientes com EMH, onde múltiplas lesões podem exigir abordagens cirúrgicas individualizadas.
Associação com Doenças Genéticas
O osteocondroma pode ocorrer de forma isolada (esporádica) ou como parte de uma condição genética chamada exostose múltipla hereditária (EMH). A EMH é uma doença autossômica dominante causada por mutações nos genes “EXT1” ou “EXT2”, entre outros genes em estudos. Estes genes que estão envolvidos na regulação do crescimento celular ósseo. Pacientes com EMH apresentam múltiplos osteocondromas, que podem levar a deformidades esqueléticas, assimetria de membros e transformação maligna para condrossarcoma.A transformação maligna é rara em osteocondromas isolados (cerca de 1% dos casos), mas o risco aumenta para 5-10% em pacientes com EMH.
Importância do Acompanhamento com Ortopedista Oncológico
O ortopedista oncológico é o especialista mais indicado para o manejo de osteocondromas, especialmente em casos complexos ou associados a doenças genéticas. Sua expertise é fundamental para:
1. Diagnóstico preciso: Distinguir o osteocondroma de outras lesões ósseas e identificar sinais de malignidade.
2. Planejamento do tratamento: Decidir entre observação e cirurgia, além de planejar a abordagem cirúrgica mais adequada, incluindo o uso de tecnologias como a impressão 3D.
3. Monitoramento de lesões múltiplas: Em pacientes com EMH, o acompanhamento regular é essencial para detectar complicações e transformação maligna.
4. Aconselhamento genético: Orientar pacientes e familiares sobre a natureza hereditária da EMH e os riscos associados.
Conclusão
O osteocondroma é uma lesão óssea benigna comum, mas que pode causar sintomas significativos e, em alguns casos, estar associado a doenças genéticas como a exostose múltipla hereditária. O diagnóstico preciso e o tratamento individualizado são essenciais para garantir os melhores resultados. O acompanhamento com um ortopedista oncológico é fundamental, especialmente em casos complexos ou com suspeita de malignidade, garantindo que o paciente receba o cuidado especializado necessário para preservar sua qualidade de vida e funcionalidade. A incorporação de tecnologias como a impressão 3D no planejamento cirúrgico representa um avanço significativo, permitindo procedimentos mais seguros e personalizados.