
Mixoma
O mixoma é um tumor benigno raro que se origina de tecidos conjuntivos, caracterizado pela produção de uma substância gelatinosa composta principalmente por ácido hialurônico. O mixoma também pode ocorrer em tecidos moles e ossos, sendo conhecido como mixoma intramuscular ou mixoma ósseo.

Epidemiologia
O mixoma é uma neoplasia rara, representando menos de 1% de todos os tumores benignos de tecidos moles e ossos. Ele ocorre mais frequentemente em adultos, com pico de incidência entre 40 e 70 anos, e há uma leve predileção pelo sexo feminino. No contexto ortopédico, o mixoma intramuscular é a forma mais comum, enquanto o mixoma ósseo é extremamente raro. Apesar de sua raridade, o mixoma é clinicamente relevante devido ao seu potencial para crescimento local e recorrência.
Localização
O mixoma pode ocorrer em diversas localizações, dependendo do tipo:
1. Mixoma intramuscular: A forma mais comum em tecidos moles, geralmente afeta grandes grupos musculares, como coxas, nádegas e ombros.
2. Mixoma ósseo: Raro, ocorre principalmente em ossos longos, como fêmur, tíbia e úmero, podendo causar lesões líticas e expansivas.
3. Mixoma cardíaco: Embora não seja foco da ortopedia, é a forma mais conhecida, ocorrendo principalmente no átrio esquerdo do coração.
Características Clínicas
Os sintomas do mixoma dependem da localização e tamanho da lesão. Em tecidos moles e ossos, os sintomas mais comuns incluem:
- Massa palpável, geralmente indolor e de crescimento lento.
- Dor localizada, especialmente se a lesão comprime estruturas adjacentes.
- Limitação funcional, como dificuldade para mover uma articulação próxima.
- Em casos raros, fraturas patológicas podem ocorrer no mixoma ósseo devido à fragilidade do osso afetado.
Diagnóstico
O diagnóstico do mixoma é baseado em uma combinação de achados clínicos, radiológicos e histopatológicos:
- Imagem: Radiografias e tomografias computadorizadas podem revelar uma lesão lítica e expansiva no caso do mixoma ósseo.
A ressonância magnética (RM) é o exame de escolha para mixomas intramusculares, mostrando uma massa bem delimitada com sinal característico (hipointenso em T1 e hiperintenso em T2, refletindo o conteúdo gelatinoso).
- Histologia: O mixoma é caracterizado por células estreladas ou fusiformes dispersas em uma matriz mixoide (gelatinosa) rica em ácido hialurônico. A ausência de atipias celulares e mitoses ajuda a diferenciá-lo de tumores malignos.
Diagnóstico Diferencial
O mixoma pode ser confundido com outras lesões benignas e malignas, incluindo:
1. Lipoma: Tumor benigno de tecido adiposo, mas sem a matriz mixoide característica.
2. Mixossarcoma: Tumor maligno raro que pode mimetizar o mixoma, mas com atipias celulares e comportamento agressivo.
Tratamento
O tratamento do mixoma é principalmente cirúrgico, com o objetivo de remover completamente a lesão e prevenir recorrências. As opções incluem:
1. Ressecção cirúrgica ampla: É o tratamento de escolha, envolvendo a remoção da lesão com margens cirúrgicas livres para reduzir o risco de recorrência.
2. Curetagem e enxerto ósseo: No caso de mixoma ósseo, a curetagem da lesão seguida de preenchimento com enxerto ósseo ou substitutos ósseos pode ser realizada.
3. Reconstrução: Em casos de grandes lesões ósseas, pode ser necessária a reconstrução com enxertos ou próteses.
A quimioterapia e a radioterapia não são eficazes no tratamento do mixoma e geralmente não são recomendadas.
Prognóstico
O mixoma tem um prognóstico geralmente excelente quando tratado adequadamente com ressecção cirúrgica completa. A taxa de recorrência é baixa, variando de 5% a 10%, e está associada principalmente a margens cirúrgicas comprometidas. Metástases são extremamente raras, reforçando a natureza benigna da lesão.
Conclusão
O mixoma é uma lesão benigna rara, mas clinicamente relevante, que pode ocorrer em tecidos moles ou ossos. O tratamento cirúrgico é a base do manejo, com excelentes resultados quando a lesão é completamente removida. O acompanhamento com um ortopedista oncológico é fundamental para garantir um diagnóstico preciso, tratamento adequado e monitoramento a longo prazo, visando a melhor qualidade de vida para os pacientes. Apesar de sua raridade, o mixoma destaca a importância de uma abordagem multidisciplinar no tratamento de tumores musculoesqueléticos.